Entenda por que os católicos não comem carne na quarta-feira de cinzas e nem na sexta-feira da Paixão

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Entenda por que os católicos não comem carne na quarta-feira de cinzas e nem na sexta-feira da Paixão

Resultado de imagem para sexta feira santa“Por que não se pode comer carne na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa? Por que quarta-feira de cinzas?”
Antes de responder essa pergunta, destacamos que o jejum bíblico é uma prática benéfica que deve ser seguida de oração e estudo da Bíblia. A mente fica mais lúcida e o Espírito Santo age por meio das Escrituras Sagradas. Para conhecer mais sobre os benefícios do jejum, leia o artigo Como e por que fazer jejum?” e “O que a Bíblia diz sobre o jejum?” Ambos artigos estão publicados neste site.
Sobre a questão acima, ressaltamos que a quarta-feira de cinzas é uma tradição católica sem apoio das Escrituras Sagradas, e a abstenção de carne nesse dia, assim como na sexta-feira santa, são práticas que a igreja católica impõe, mas não há fundamento bíblico para tal obrigatoriedade. Estas ordenanças se encontram no Código de Direito Canônico da Igreja Católica, na seção transcrita abaixo, e não na Bíblia:[1]
Cânone 1250 – Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.
Cânone – 1251 – Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cânone – 1252 – Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência.
Embora o jejum tenha o seu valor como prática terapêutica de dar um descanso para o sistema digestivo a fim de se obter uma mente mais clara para se dedicar à oração e ao estudo da Bíblia, a participação deve ser voluntária e de acordo com a possibilidade física de cada um. Entretanto, de acordo com as diretrizes católicas “estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos.”
Segundo esse costume, várias mídias de orientação católica fazem declarações semelhantes, como as destacadas abaixo:
“A Igreja recomenda que, na quarta-feira de cinzas e também na sexta-feira santa, os fiéis jejuem e se abstenham de carne.”[2]
“A Igreja recomenda, ainda, que em toda sexta-feira do ano o católico praticante faça uma penitência, que pode ser substituída por uma obra de caridade (por exemplo, visitar um doente ou ajudar uma pessoa pobre) ou de piedade (por exemplo, ir à Missa, rezar o terço em família, via-sacra, círculo bíblico etc).”[3]
Reiteramos que não há fundamento bíblico para as práticas penitenciais, tampouco a obrigatoriedade de se fazer penitência e jejum na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. Tais práticas são tradições católicas. Elas possuem um elaborado simbolismo, mas estão associadas ao conceito de penitência que, segundo a Igreja, é um sacramento.[4] Ensina-se que os sacramentos são meios de comunicar graça salvadora,[5] contrariando a verdade bíblica de que a salvação é unicamente pela graça, mediante a fé em Jesus: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8). “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei” (Romanos 3:20).
“A data propriamente dita da Sexta-Feira Santa ou da Paixão tem sua origem aparentemente nos astros e em adaptações de calendário. Vejam só. Conforme a tradição católica, é a sexta que antecede o dia 14 de Nisã do calendário hebraico. Mas como se sabe que é nessa época do ano no Ocidente (geralmente entre 20 de março e 23 de abril)?
O cálculo que se fez no passado aponta para a primeira sexta-feira após a primeira lua cheia depois do equinócio* de outono do hemisfério sul ou o equinócio da primavera no hemisfério norte. 

Mas afinal de contas, é um dia santo, da paixão ou da autoanálise?
Na Bíblia não há qualquer indicação de que seja um dia santo, ou separado especialmente por Deus. Somente o sábado recebe tal distinção, principalmente nos livros de Gênesis, Êxodo, Isaías, entre outros.
Analisando o livro sagrado do cristianismo, não há muita sustentação para afirmar que a sexta-feira tem algum caráter santificado. Sobre paixão de Cristo, vale somente ressaltar que não estamos falando de um filme de 2004 produzido por Mel Gibson sobre os últimos momentos de Jesus antes de morrer crucificado.
A palavra paixão vem do latim passio –onis derivado de passus, particípio passado de pati, ou sofrer. A palavra está ligada aos sofrimentos e finalmente morte de Jesus Cristo conforme relato dos quatro evangelhos em confirmação com diversas profecias do Antigo Testamento (destacando-se Isaías 53).
Mas eu ouso dizer que não é um dia de paixão. Por quê? Porque Jesus realmente sofreu injúrias, humilhações e foi crucificado de maneira desleal depois de ser submetido a um julgamento absolutamente tendencioso. E o pior: padeceu emocionalmente e espiritualmente muito mais por conta dos pecados da humanidade colocados sobre Seus ombros.
Mas Ele ressuscitou e, conforme os capítulos 5, 8, 9 e 10 do livro de Hebreus, atua como um superior sumo sacerdote em favor de cada um de nós para remissão de pecados e finalmente juízo também (basta fazer analogia com profecias de Daniel 9 e alguns capítulos de Levítico).
Então não está mais morto e esse dia em que muitos de nós paramos nossos trabalhos não pode ser lembrado apenas como dia de morte e dor, porque o ministério de Cristo não se restringiu a esse acontecimento. Foi além e irá mais ainda.
A Bíblia assegura que Ele literalmente irá voltar. Isso, sim, é que podemos chamar de ciclo completo. Não sou preso a datas quando o assunto é refletir, mas parece que muitas pessoas são. Então, para quem gosta de datas específicas para fazer uma autoanálise espiritual, talvez a dita Sexta-Feira Santa ou da Paixão seja a ideal. Vamos chamá-la de Sexta-Feira da Autoanálise espiritual, que tal? Dia de levar em conta a santidade de Deus, Seu chamado individual para cada um ser santo (separado) por Ele para ser salvo e ajudar outros a encontrar a salvação pela graça. Dia de recordar a paixão que Cristo tem por mim e por você também. O imenso amor de Alguém que não hesitou em se anular e sofrer a morte física para pagar os pecados. Coisa muito maior do que a gente consegue realmente compreender e digerir.
Na minha infância, cresci vendo gente comer somente peixe ou jejuar na sexta que antecede o domingo de Páscoa. E ficava nisso a tal comemoração da data. Nada mais. Mas eu vejo necessidade de algo muito mais profundo, mais consistente e mais duradouro. A ideia de autoanálise espiritual na sexta-feira … é só um esboço do que deveria ser o cotidiano… faria muito bem ao ser humano dedicar uma hora por dia para pensar em Cristo e, claro, no Seu sacrifício. Mas certamente não apenas sobre o fato histórico da morte, suas circunstâncias e contexto religioso e político. Dia de pensar Nele como um Salvador. Alguém de quem eu dependo. Vamos fazer um dia diferente nessa próxima Sexta-Feira da Autoanálise!”[6]

Equipe Biblia.com.br
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[5] Idem. 

* O equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste. Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro quando definem mudanças de estação. Em março, o equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hemisfério sul. Em setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início do outono no hemisfério norte e da primavera no hemisfério sul. (Fonte: Wikipédia)



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