
Vivemos uma geração pastoral deslumbrada com estruturas, fachadas e grandes construções. São pastores que passam dias e noites elaborando projetos arquitetônicos, escolhendo o revestimento das paredes, buscando equipamentos de som de última geração e fazendo do templo um verdadeiro cartão-postal da cidade.
É claro que não há pecado algum em oferecer um lugar digno para o culto ao Senhor. Deus é digno do melhor! Mas o problema começa quando o foco se desvia do essencial: as almas.
Há lÃderes que conhecem os catálogos de material de construção melhor do que as Escrituras. Investem mais na fachada da igreja do que no crescimento espiritual do povo. Têm recursos para climatizar todo o templo com ar-condicionado, mas não destinam uma parte sequer para capacitar obreiros, apoiar congregações em dificuldades ou desenvolver estratégias de evangelismo.
Enquanto isso, o campo está branco para a colheita, como disse Jesus:
“A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.” (Mateus 9:37-38)
O Senhor não nos chamou para sermos arquitetos de templos, mas pastores de ovelhas. O sucesso de um ministério não se mede pela imponência do templo, mas pela transformação de vidas, pelo crescimento do rebanho e pela presença real de Deus entre nós.
Jesus não veio estabelecer uma religião de catedrais, mas sim um reino de servos. Seu olhar sempre esteve sobre os quebrantados, os marginalizados, os aflitos e as ovelhas sem pastor. E o ministério que reflete o de Cristo jamais poderá estar mais preocupado com pedras do que com pessoas.
A Igreja primitiva crescia sem templo fixo, mas cheia do EspÃrito Santo. E hoje temos templos equipados, mas igrejas espiritualmente vazias. Como disse o apóstolo Paulo:
“Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.”(1 CorÃntios 3:6-7)
LÃder que se preocupa com o crescimento real entende que é necessário sujar as mãos, ir ao campo, levantar caÃdos, cuidar da ovelha ferida, tirar o carrapicho da lã, e conduzi-la novamente ao redil. Isso dá trabalho, não tem aplauso fácil nem visibilidade pública. Mas é o que o Senhor espera de nós.
A pergunta que devemos fazer não é: “Quão bonito está o meu templo?”, mas sim: “Quantas vidas tenho alcançado e discipulado para o Reino?”
Concluo com o alerta do próprio Senhor, que continua ecoando em nossos dias:
“Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:17)
O pastor não foi chamado para ser gerente de obras, mas guardião de almas.
Pr. Luciano Gomes
Teólogo e colunista do portal Veja Aqui Agora
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